Tenho lido nas passagens bíblicas que "Deus fez o homem à sua imagem e semelhança" e que "O homem foi feito para casar-se com uma mulher". Faz tempo em que penso sobre este assunto. E também faz tempo que sou absolutamente contra essa sandice. Um acontecimento, porém, me fez mudar de idéia.
No ano de 2003 eu estava namorando uma pessoa que havia me traído bem mais rápido do que eu pensava, uma vez que ela me queria mais do que o contrário. Aquilo me decepcionou — e só reforçava a minha tese de que casar era coisa de maluco. Não posso negar que aquilo tinha me abalado. De maneira sorrateira, ela me trocara por um homem bem mais jovem (5 anos). Sofri meses com o rompante decisivo, uma vez que houveram tentativas semelhantes antes, mas nunca passaram disto. Depois vi que aquilo já deveria ter acontecido; eu sofria apenas por estar acostumado com ela. Até fiz publicar a história no jornal onde trabalhava em Castanhal, sob o pseudônimo de Romeu. Tá certo que a história foi romantizada, mas é basicamente o que acontecera comigo naquele tempo. Quem ler, saberá!
Naquela eperiência, morando em Castanhal, um outro relacionamento nascera. Eu praticamente morava ali, na casa de Holanda Guimarães. Já com certa idade, me fez repensar diversas coisas. Apresentou-me, por exemplo, para os livros, embora eu mesmo não os tivesse por hábito — apenas lia jornais e revistas. Ele me ensinou outras coisas além da literatura. Falávamos sobre tudo. Ali eu descobri um grande amigo. Só que nunca conseguir dizê-lo. Ainda hoje sinto falta de sua companhia.
Certo dia, em sua residência, conversando com a cunhada do Franklin, outro grande amigo que ganhei em Castanhal, soube da ex-mulher do Holanda. Ali eu soubera do Holanda que havia se casado com Marta Inês. A revelação do Casamento de outrora entre os dois magistrados me fez refletir sobre o matrimônio e como ele poderia ser chato, visto que, pelo que soube, brigaram muito. Mas eu não soube mais do que isso e então não me deti a pensar mais no assunto.
Em uma noite de junho, em sua residência, pouco depois do horário do fechamento da edição daquela quinzena, assistíamos ao Jornal Nacional, se não me falha a memória. Nós sempre assistíamos os telejornais e caíamos no sono depois — Acodávamos às 5h, no máximo.
Uma reportagem sobre a megasena acumulada o fez pensar na minha índole, mesmo sabendo que eu não era dado à Cleptomania. Então a pergunta era: "O que tu farias se ganhasses a Megasena"? Saí-me com evasiva: "Não sei". Ele engatou a segunda: "Tu não sabes o que faria? Eu ajudava mais gente. Eu já faço com o pouco que ganho..." Dai retruquei: "Pois não sabemos a índole dos outros. Muitos aproveitam da nossa boa-fé agindo de má-fé e enganam a todos". Ele concordou. Depois dessa história, até hoje eu penso que ele se referia aos seus bens quando disse "megasena".
Então, quase no final do ano tivemos a conversa crucial que me enrolou coração e cérebro. Não sabia me sair daquela situação, tampouco falar sobre... Mas foi tudo tão rápido que nem sei direito como aconteceu. Pareceu-me um pedido, súplica mesmo, por alguma coisa:
— Antigamente eu ficava só aqui nesta casa. Tinha dias em que eu me acordava pela manhã e nem ao menos me dava ao prazer de almoçar, apenas lendo meus livros. Depois tu começastes a vir para cá e, quando vais embora, essa casa parece vazia...
Aquilo me arrepiava. Imagina a situação. Não se deixem levar pela homossexualidade, pois não sou dado a hedonismo, tampouco a exposição entre iguais. Mas a idéia de que eu dava vida a alguma coisa era bem forte para mim. Até então eu não achava que ele fosse morrer pouco tempo depois...
Sábado, 11 de dezembro de 2004 — Naquele dia,eu estava comemorando o fato de meu irmão mais novo ter passado no Vestibular da Unama. Lembro-me de que estava tendo uma festa grandiosa em casa. Havia churrasco e cerveja. Eu estava na casa de um visinho tomando uma gelada e, de repente, vejo uma ligação em meu telefone: "Holanda Guimarães". Estava certo que era uma ligação do telefone Fixo, coisa que ele jamais fazia quando queria conversar comigo. Ligava-me diretamente do Celular. Então soube que ele estava morto, desencarnado. Chorei. Fui ao cortejo funebre em cima do carro dos bombeiros, desfilando pela cidade. Isso no domingo, 12 de Dezembro. Mas o que havia me chocado mesmo ali era o fato de tê-lo encontrado com o braço esticado e a mão aberta, como que pedindo a mão para se levantar. Ele estava sob uma telha de zinco, numa espécie de gaveta mortuária. Não conseguia sentir o cheiro da carne putrefata... Estava bastante chocado com o que eu vi...
A partir de então pude refletir sobre o casamento. Vi que, por exemplo, poderia ainda estar vivo caso tivesse quem o socorresse no dia em que veio a falecer. Saber que esse alguém poderia ter sido eu me dá ainda mais medo, porque eu certamente iria entrar em parafuso. Espero que ele me perdoe algum dia por não estar ao seu lado naquela hora fatídica... E vi que uma companhia, desde que agradável, pode resolver muitos problemas. Pode ser o ponto de equilíbrio entre ter uma vida feliz e simplesmente não ter vida nenhuma. Ou não ter nada para contar.
Casar pode ser simplesmente unir-se à alguém. Pode ser menos que isso, pode ser o início de uma dor de cabeça tremenda, mas pode ser o início de uma aventura — ou ventura, como queiram interpretar — cheia de momentos felizes. Saber escolher quem estará ao nosso lado é o ponto. A vida é uma rosa. Portanto deve-se vê-la pelo ponto de vista do espinho ou da rosa. Se olharmos pela rosa, podemos imaginar que ela tem espinhos.Mas podemos ver que os espinhos tem rosas!
3 comentários:
Obrigada por seu meu amor, meu companheiro, meu marido!
Te amo muito, ainda que em nosso caminho ajam espinhos, sempre teremos as rosas! =)
Obrigada por seu meu amor, meu companheiro, meu marido!
Te amo muito, ainda que em nosso caminho ajam espinhos, sempre teremos as rosas! =)
Aliás, esta é a diferença entre o otimista e o pessimista. Este sempre dirá que, embora as rosas tenham espinhos, sempre haverá o perfume que nos agrada, a forma que embeleza a paisagem. Aquele sempre sirá que, embora uma coisa possa ser boa, ela sempre terá espinhos. E isso basta para que nada valha a pena.
A diferença entre você ter uma vida de felicidades e uma de tristesas pode estar associado diretamente com o que você escolhe ver. Você pode ser um sofredor, mas viverá feliz se souber achar apenas uma rosa sobre a cadeira. Se achar que sua vida é muito pequena — e ver que o sofrimento é a regra é dor e mais nada — poderá se matar. Mas por outro lado, perderá os pequenos momentos de beleza quando desistir da luta pela vida!
Casar é não mais que simplesmente escolher. Pode ser bom ou ruim. Pode ser fácil ou difícil. Pode ser simples ou complexo. Mas pode ser apenas escolher ser feliz! Com uma coisa boa: Você não vai precisar se preocupar com algumas coisas. E ainda poderá ter uma ajuda extra quando passar por maus bocados.
Se isso será bom ou ruim, depende da sua escolha!
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