Do EX-BLOG
César Maia
1. O tratamento quimioterápico de Dilma Rousseff altera o quadro pré-eleitoral. A quimioterapia baixa radicalmente a imunidade e há a necessidade de repouso. Os riscos de não repousar trazem a contração de enfermidades por baixa imunidade. Desta forma, durante os meses de tratamento, Dilma terá que se afastar da pré-campanha. Sobre Lula, que lançou sua candidatura, pesa a responsabilidade de projetar um cenário com e sem Dilma e assumir riscos a respeito, pois a insistência, se não resultar, atrasará demais a propagação de um nome alternativo.
2. Os que jogam com a pior hipótese estão no PT e querem o terceiro mandato. Lula teria informado enfaticamente que não entrará nesta aventura, pois sua imagem associou-se a estabilidade política, diferenciando-se de outros líderes populares na América Latina. E tem a idade de um mandato de governo menor que Serra. Tem tempo.
3. A candidatura de Ciro Gomes tornou-se inevitável. Seja pela impossibilidade de Dilma estar na pré-campanha, seja por sua substituição, a hipótese de Serra vencer no primeiro turno impulsionará dois candidatos no campo do governo.
4. As incertezas quanto ao futuro da candidatura do PT a presidente afetam também a adesão do PMDB. Todos sabem que o efeito arraste da candidatura presidencial ajuda -e muito- as campanhas dos candidatos a governador associadas. Se o patamar de Dilma ou substituto, ficar abaixo dos 20%, candidaturas fortes como as de Fogaça no RS, de Helio Costa em Minas e outras poderão ser afetadas. Além de candidatos como Jarbas Vasconcelos, que estarão associados à candidatura de Serra.
5. O PT, por seu turno, além de não querer abrir mão de candidaturas no RS, MG, BA, projetando uma derrota, priorizará a formação de bancada federal, o que estimulará o lançamento de candidatos próprios nos Estados, afetando ainda mais as relações com o PMDB.
6. Uma vez Ciro candidato, obrigatoriamente o PSB e o PDT (provavelmente associado) estimularão o lançamento de candidaturas a governador nos Estados, de forma a reforçar Ciro e criar bancadas federais mais fortes.
7. Dessa forma, o que parecia um quadro definido no campo eleitoral, está agora completamente indefinido, sem que se possa antecipar o grid de largada federal e estaduais. Lula não tem paciência nem jeito para articulações e menos ainda para projeção de cenários alternativos. O diagrama a que está acostumado é linear: Deus, ele e o povo.
8. Finalmente, essa imprevisibilidade reforça a candidatura de Serra, que se tornará naturalmente favorita. Sua coligação básica com PSDB, DEM, PPS atrairá outros partidos como o PV e aquele ou aqueles menos aquinhoados na base do governo e que a partir de junho de 2010 poderão dispensar os espaços presentes focando os espaços futuros.
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