quinta-feira, 17 de março de 2011

Diferença entre país sério e o Brasil

Mazelas são mazelas e precisam ser resolvidas onde quer que elas existam. Por quem quer que seja. O que não se pode é ficar brincando de esconde-esconde, para ver se podemos economizar a energia da solução deste problema, que dá menos voto, para solucionar aquele onde pode ser mais vistoso e gerar mais lucro. Assim é o Brasil. Aqui, é mais fácil uma pessoa trocar um bico de luz do que refazer a fiação apenas porque é mais vistoso o primeiro frente ao segundo. É mais econômico.

Lá fora é diferente. Briga-se pela segurança, ainda que isso não traga dividendos políticos. Briga-se pela saúde, mesmo que esta não seja a bandeira do Governo e o parlamentar seja de sua base. Briga-se até por assuntos que receberiam menos atenção se fosse em outro lugar. Mas se briga sério. Com vontade de vencer e convencer. Ainda que isso não seja vistoso pra ninguém.

Ontem o Japão foi acometido pelo pior desastre de sua história. Já houve tsunami que varresse o país em tamanho da onda, e até que causasse milhares de mortes. Mas da magnitude que hoje está o país, correndo o risco de uma verdadeira catástrofe mundial, isso nunca. Fico pensando que este pode ser o sinal mais esperado dos tempos, de que não temos mais tempo para erros, e que antecederá a verdadeira escolha entre o bom e o mau. Entre Deus e Satanás.

Mas a verdade é que não conseguimos mesmo aprender com os erros dos outros. Focamos os olhos neles, como se fosse nossa própria mazela, e esquecemos a nossa. A chaga pela qual outras populações são marcadas acaba por marcar a nossa de forma ainda mais grave, pois que nos negligenciamos a um problema empurrado com a barriga, e corremos o risco de tropeçarmos no mesmo erro, na mesma tragédia.

Um dia tudo vem à baixo, como num prédio que, ainda em construção, vem em ruinas e tira a vida de uns tantos. Como se fosse natural, esquece-se isto e passa-se adiante, sem sequer examinar à luz da verdade a causa da tragédia passada. Trata-se aqui de aprender com o erro dos outros. De, senão resolver uma tragédia iminente, de minorá-la, reduzí-la.

Hoje, o Ex-Blog do César Maia traz um desses pontos que são de percurso longo e que podem nos causar dano semelhante. Que pode nos trazer a realizade japonesa mas, entretanto, dando chance de corrigirmos nosso erro. Ou então minimizar suas consequências.

Que aprendamos com os erros dos outros, então.

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USINAS NUCLEARES ALEMÃS E OS RISCOS NAS USINAS DE ANGRA-RJ!
                   
Em 1989, um grupo de deputados e senadores brasileiros foi convidado a visitar as Usinas Nucleares da Alemanha, da Siemens. Pôde-se conhecer todo o sistema de segurança, desde a entrada, com identificação um a um, fora da usina, foto local, encontro em uma sala reservada, oferecimento de informações, e uniformização fechada e rigorosa antirradiação. No final, a entrega dos uniformes para incineração.
                   
Depois, foi feita uma visita ao local de depósito de resíduos nucleares. A corte suprema alemã não havia ainda aceito como definitiva, mas autorizou provisoriamente. É uma antiga mina de sal. O grupo -por partes- desceu a mina num elevador por 800 metros de profundidade, altura do Corcovado-Rio.
                   
As caixas de chumbo lacradas são colocadas no meio do sal. Esse se fecha em torno das caixas como pedras, obstruindo qualquer risco de contato com o ar. E assim mesmo a corte suprema de lá não considera um processo 100% seguro.

Uma vez de volta, foram visitar as Usinas Nucleares de Angra dos Reis-RJ. O acesso a elas foi direto, sem cuidados de identificação especial. Na mesma sala de recepção foram dadas informações e se vestiu o uniforme antirradiação. Foi feita a visita.
                   
Mas o susto maior veio quando foi pedido para se conhecer a área de depósito de resíduos nucleares. São caixas de chumbo como na Alemanha, mas depositadas em prateleiras de um galpão como num supermercado. Este galpão fica a 200 metros do prédio da Usina e pode ser vista da Usina, diretamente.
                   
No mínimo, caberia ao Congresso Nacional constituir, urgente, uma comissão especial e visitar esse depósito, ou outro local de depósito das caixas de chumbo dos resíduos nucleares.
                   
A imprensa informou, ontem (16), que um tufão se aproximou do litoral do Rio. Se esse tufão atingisse a área da Usina, derrubaria, com um sopro, o armazém e espalharia as caixas, inclusive para o fundo do mar. Essa é uma situação extremamente grave que exige fiscalização e resposta, imediatas, por parte do Congresso. Lembre-se que são duas Usinas e mais uma em construção. E que o contrato de 1977 foi simplesmente prorrogado, portanto, com as mesmas condições estabelecidas na época.

Um comentário:

Layse D'Oliveira disse...

meu orgulho! =*
tua esposa, Layse D'Oliveira.