Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP, 13/06.
Após oito meses de uma grave crise econômica, a percepção dos brasileiros sobre a crise, é melhor, que em março. Em alguns itens muito melhor. Não há indicador econômico que permita chegar a esta conclusão. Que razões explicam essa reação da opinião pública?
Seis elementos explicativos. O primeiro é a menor intensidade das informações publicadas. Na medida em que elas são percebidas como parecidas, mantê-las em destaque contrariaria a lógica da renovação do noticiário. O segundo, depois de 3 anos de crescimento econômico e seus efeitos positivos sobre o emprego e renda\consumo, é a esperada torcida para que a crise passe logo. O terceiro elemento é a própria natureza empresarial dos meios de comunicação, que são parte da crise, com a redução dos patrocínios, da circulação e da audiência. As boas notícias e as previsões otimistas de economistas, empresários e políticos, ganham destaque, e as más noticias são deslocadas para os cadernos econômicos.
Lula é o quarto elemento. Em seu conhecido voluntarismo, optou por minimizar a crise (marolinha) desde o início. Lula estimulou o consumo, que mesmo não tendo vindo, se ajustou ao discurso otimista. Com isso, vestiu o traje de protetor do povo contra a crise (externa), que, aliás, sempre lhe coube muito bem. O quinto, num terceiro ano, pré-eleitoral, os governos, federal e estaduais, frente a uma crise imprevisível e seus riscos políticos, aceleraram os gastos publicitários.
Finalmente é importante lembrar, que desde 2006, pós-mensalão, o governo federal passou a ter um forte vetor publicitário direcionado à imprensa das cidades menores, especialmente pólos. A grande imprensa –exceção à TV- não circula nessas cidades (FSP, 13/06: No início do governo Lula, a publicidade oficial atingia 182 municípios. Agora, são 1.149). A sinergia destes seis elementos ajuda a explicar as pesquisas. A questão de sua sustentabilidade depende do acerto ou não, das previsões otimistas e suas relações com o cotidiano das pessoas.
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