sábado, 22 de janeiro de 2011

Um futuro mal pago

Hoje escolhi como tema para minhas reflexões no meu Blog um e-mail corrente, mas que vale a pena ser lido. Precisamos entender que depois do aumento estratosférico a que se deram nossos parlamentares, esta discussão vem bem a calhar. Como e o quê esperar de uma sociedade que paga uma miséria para aqueles que ensinam a geração do futuro quando esta mesma sociedade aceita pagar um salário monumental aos seus representantes no governo?

Bom, isso passa obviamente por rever o poder que damos aos nossos governadores. Eles fazem tudo para se beneficiar, quando o resto do povo não consegue nem o suficiente para se manter. “Eles fingem que pagam e os professores fingem que ensinam”, conforme falou esse cidadão. Eu mesmo já trabalhei com gente assim, que finge que paga, mas quando o assunto é coisa de estado, assunto que deveria merecer manchetes dos jornais, ai a coisa precisa mudar de figura. Afinal, quem se importa se um professor recebe R$ 440 ou R$ 4400 por mês? Eu me importaria se fosse a escola do meu filho. Porque se um professor está insatisfeito, ele vai mudar a cabeça do meu filho, não o ensinando da maneira correta. E, desse jeito, prefiro eu mesmo educar meu filho em casa.

Eis a carta:

Prezado amigo, sou professor de Física de ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00. Fico até com vergonha de dizer, mas meu salário é de R$ 650,00. Isso mesmo, você não olhou um zero a menos. E olha que eu ganho mais do que outros colegas de profissão, que não possuem curso superior como eu e recebem minguados R$ 440,00. Será que alguém acha que com um salário assim a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar?

Não quero generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova um aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, leciono porque sou idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro!

Descobri que um parlamentar brasileiro custa ao país R$ 10,2 milhões por ano. São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$ 11.545. Na Itália, são gastos com parlamentares R$ 3,9 milhões, na França, pouco mais de R$ 2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e, na vizinha Argentina, R$ 1,3 milhões. Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior!

Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema seria:

“Troque um parlamentar por 344 professores”.

Vamos colaborar. Afinal de contas, o professor é aquele cara que pode mudar o nosso futuro. Não que tenhamos que levar ao pé da letra isso, mas pelo menos fazendo com que nossos políticos se importem menos com os bolsos deles do que com a formação dos filhos dos outros que, por acaso, pode ser o seu...

3 comentários:

Bruno_Philósopho disse...

Eu fiz umas poucas edições na carta, de forma que ela não está muito alterada de sua versão original. O problema é: Quanto vale mesmo a educação de seu filho, principalmente quando ela é oferecida pelo Estado?

Arthur Almeida disse...

Grande amigo Bruno,
Discussão boa demais pra deixar você sem resposta. Li na revista exame (acho que do mês passado) sobre os investimentos em educação na china e do quão importante é o fator "chegar a faculdade" para os chineses.
È fato que nossa educação não é levada a sério por nossos governantes a muito, muito tempo; mas, ao mesmo tempo, vejo mais gente votando em quem vai sair do "Big Brother 11" do que em quem vai governar seu dinheiro publico..
E aí, o que fazer ?

Bruno_Philósopho disse...

Bom questionamento, meu amigo. Acredite se quiser: conheço gente que, mesmo dedicando-se a lecionar em faculdades, lhe faz falta saber quem vai estar no próximo paredão do Big Brother. É fato absoluto, meu amigo, que educação não é fator de preocupação nem para nossos administradores menos ainda para a população em geral.

Mas seu comentário me leva a um outro ponto: Na China se luta para entrar em uma faculdade. Diga-me: em qual outro país do mundo se deseja mais saber das coisas? Os chineses agora afrontam os americanos quando o assunto é tecnologia. Na veja desta semana que passou, diz-se que eles já detém tecnologia suficiente para produzir aviões Stealth. Esta é, pelo menos para nós, a última palavra em aviões de combate e tecnologia.

Outro dia mesmo li que os chineses tem um conhecimento muito mais avançado em história, filosofia, matemática e demais áreas do conhecimento que supõem os ocidentais. Eles discutem em profundidade temas que nós não chegamos nem em superficialidade.

Mas sua pergunta é bem clara: O que fazer? Bem, chegamos um tanto atrasados nessa disputa. Podemos rezar para que alguma boa alma vinda dos céus nos premie não com a absoluta inteligência, mas com o absoluto interesse pelas coisas que realmente importam. Não com o absoluto conhecimento, mas com a absoluta força de vontade.

Ou então fazer a nossa parte, como diria Betinho.