Hoje escolhi como tema para minhas reflexões no meu Blog um e-mail corrente, mas que vale a pena ser lido. Precisamos entender que depois do aumento estratosférico a que se deram nossos parlamentares, esta discussão vem bem a calhar. Como e o quê esperar de uma sociedade que paga uma miséria para aqueles que ensinam a geração do futuro quando esta mesma sociedade aceita pagar um salário monumental aos seus representantes no governo?
Bom, isso passa obviamente por rever o poder que damos aos nossos governadores. Eles fazem tudo para se beneficiar, quando o resto do povo não consegue nem o suficiente para se manter. “Eles fingem que pagam e os professores fingem que ensinam”, conforme falou esse cidadão. Eu mesmo já trabalhei com gente assim, que finge que paga, mas quando o assunto é coisa de estado, assunto que deveria merecer manchetes dos jornais, ai a coisa precisa mudar de figura. Afinal, quem se importa se um professor recebe R$ 440 ou R$ 4400 por mês? Eu me importaria se fosse a escola do meu filho. Porque se um professor está insatisfeito, ele vai mudar a cabeça do meu filho, não o ensinando da maneira correta. E, desse jeito, prefiro eu mesmo educar meu filho em casa.
Eis a carta:
Prezado amigo, sou professor de Física de ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00. Fico até com vergonha de dizer, mas meu salário é de R$ 650,00. Isso mesmo, você não olhou um zero a menos. E olha que eu ganho mais do que outros colegas de profissão, que não possuem curso superior como eu e recebem minguados R$ 440,00. Será que alguém acha que com um salário assim a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar?
Não quero generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova um aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, leciono porque sou idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro!
Descobri que um parlamentar brasileiro custa ao país R$ 10,2 milhões por ano. São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$ 11.545. Na Itália, são gastos com parlamentares R$ 3,9 milhões, na França, pouco mais de R$ 2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e, na vizinha Argentina, R$ 1,3 milhões. Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior!
Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema seria:
“Troque um parlamentar por 344 professores”.
Vamos colaborar. Afinal de contas, o professor é aquele cara que pode mudar o nosso futuro. Não que tenhamos que levar ao pé da letra isso, mas pelo menos fazendo com que nossos políticos se importem menos com os bolsos deles do que com a formação dos filhos dos outros que, por acaso, pode ser o seu...
3 comentários:
Eu fiz umas poucas edições na carta, de forma que ela não está muito alterada de sua versão original. O problema é: Quanto vale mesmo a educação de seu filho, principalmente quando ela é oferecida pelo Estado?
Grande amigo Bruno,
Discussão boa demais pra deixar você sem resposta. Li na revista exame (acho que do mês passado) sobre os investimentos em educação na china e do quão importante é o fator "chegar a faculdade" para os chineses.
È fato que nossa educação não é levada a sério por nossos governantes a muito, muito tempo; mas, ao mesmo tempo, vejo mais gente votando em quem vai sair do "Big Brother 11" do que em quem vai governar seu dinheiro publico..
E aí, o que fazer ?
Bom questionamento, meu amigo. Acredite se quiser: conheço gente que, mesmo dedicando-se a lecionar em faculdades, lhe faz falta saber quem vai estar no próximo paredão do Big Brother. É fato absoluto, meu amigo, que educação não é fator de preocupação nem para nossos administradores menos ainda para a população em geral.
Mas seu comentário me leva a um outro ponto: Na China se luta para entrar em uma faculdade. Diga-me: em qual outro país do mundo se deseja mais saber das coisas? Os chineses agora afrontam os americanos quando o assunto é tecnologia. Na veja desta semana que passou, diz-se que eles já detém tecnologia suficiente para produzir aviões Stealth. Esta é, pelo menos para nós, a última palavra em aviões de combate e tecnologia.
Outro dia mesmo li que os chineses tem um conhecimento muito mais avançado em história, filosofia, matemática e demais áreas do conhecimento que supõem os ocidentais. Eles discutem em profundidade temas que nós não chegamos nem em superficialidade.
Mas sua pergunta é bem clara: O que fazer? Bem, chegamos um tanto atrasados nessa disputa. Podemos rezar para que alguma boa alma vinda dos céus nos premie não com a absoluta inteligência, mas com o absoluto interesse pelas coisas que realmente importam. Não com o absoluto conhecimento, mas com a absoluta força de vontade.
Ou então fazer a nossa parte, como diria Betinho.
Postar um comentário