quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Discurso sobre a verdade (parte 1)



Para você, o que é a verdade? Seria esta experiência algo incomum, que pudesse mudar com o tempo? Ou então você acredita que possa haver mais de uma verdade? Ou ainda, você acredita que possa haver uma "meia verdade", embora isso não seja muito diferente de uma "meia mentira"? Estas perguntas vão se fazer muitas vezes presentes neste blog a partir de agora para fazer jus a um dos assuntos que prometi debater desde o lançamento: A filosofia.

Muitas pessoas aprendem que a Verdade é imutável, ou seja, não pode existir mais de uma verdade. Para outros, porém, o discurso pode mudar e o que hoje pode ser uma verdade amanhã pode não ser mais. OVNIS, por exemplo. É quase impossível não polemizar a esse respeito, mas há quem veja a possibilidade deles não residirem tão longe assim: Estariam nos EUA!?!?!?

O meu discurso se iniciará em uma afirmação: "Você nasceu homem, logo morrerá homem". Se você for homem, qual a possibilidade de isso ser verdade? O que é ser homem para você? Há homens que choram. Isso faz deles menos homens? Há aqueles que se travestem de mulher, que tem relações sexuais com outro homem. Isso faz deles uma mulher por inteiro? Creio que não. Mas visualizemos o seu oposto: Uma mulher será uma mulher desde o nascedouro? E se ela se relacionar sexualmente com outra mulher, não aceitando mais relacionamentos heterossexuais ou ainda se travestir de homem, será um?

Bom, nesta questão há o saber científico, que afirma que todo ser humano nasce mulher até poucos meses de vida, ainda no ventre da mãe, para, só assim, se distinguir sexualmente depois. Há casos de bebês que nasceram com os órgãos genitais femininos internamente e externamente um "falo" mostra que se trata de um ser másculo. Mas a ciência não prova nada faz muito tempo: "na década de 30, um notável físico provou por meio de cálculos físicos e matemáticos que era impossível existir televisor a cores". Será que ele provara mesmo a verdade ali, naquele instante?

Não. Todos provam uma meia verdade. E uma meia verdade não é a mesma coisa que uma meia mentira? E, sendo assim, não se trata de uma mentira? Toda a mentira, independente se é pequena ou grande, não se sustenta por muito tempo. Mentiras podem crescer em meio ao caos. E sempre poderão ganhar um ar de verdade. Quem nunca experimentou uma mentira que atire a primeira pedra. A verdade dói. Muitas vezes é substituída pela mentira porque as pessoas não tem a capacidade de suportar os seus efeitos. Porém, se você convive com a verdade, não consegue suportar seu oposto.

O famoso Himler, ministro da propaganda na Alemanha nazista, contava mentiras que, reforçadas, eram encaradas como verdade. Se alguém chegar com você e falar que um Disco na verdade é um quadrado, você provavelmente não acreditará. Mas fará isso porque sabe que um disco é um disco e um quadrado é um quadrado. Mas e se não soubesse? Quando lhe abrissem os olhos para isso, você certamente duvidaria. Porque pensaria estar sendo enganado com uma mentira. Mas assim você estaria de frente com uma meia verdade. Você sabe o que é um disco? Tem certeza de que sabe mesmo?


Na época de Henry Ford, os carros eram quadrados e poucos falavam que o carro precisaria mudar. Em síntese, ele jamais mudou. O conceito ainda é o mesmo: ele continua movido por um motor. No caso dos motores elétricos, só mudou o combustível que o move. Muitas coisas dentro dele, porém, mudaram. Ele não deixou de ser um motor. Mas descobertas mais recentes provaram que o motor dos carros, tanto quanto o seu design, estavam ultrapassados.

O mesmo aconteceu com a fotogrtafia: antes do final do séc. XIX, poucos acreditavam que a fotografia em cores pudesse aparecer. Foi preciso que alguém sobrepusesse o mesmo momento com três filtros diferentes em um filme "preto e branco". Apareceriam depois os celulares, as cirurgias a laser, LED's, enfim, uma infinidade de possibilidades que não existiam em décadas passadas. Como será que os cientistas justificavam o aparecimento de tais coisas? Meias verdades?

Chegamos, então, às pessoas. Elas mentem, segundo um grande amigo, porque é da natureza delas. Mas também sofrem quando confrontadas com uma mentira que particularmente seja do seu interesse. O que falar dos governantes? Platão dizia que apenas aos políticos chefes de Estado era dado o direito de mentir, unicamente com o objetivo de não apavorar uma civilização. Mais cedo ou mais tarde aparecia a verdade: Lembrem-se de que foi discípulo do homem mais inteligente daquele tempo na grécia antiga, Sócrates. Quando as pessoas descobriam a verdade,o que se fazia com a mentira?

E então, chagara-se a um ponto: a mentira é dispensável? A verdade é mesmo única? Pode existir uma "meia verdade"?

Deixo as opiniões com vocês, leitores... Apresentem suas cartas!!

2 comentários:

Dri disse...

Certamente que não existe um ser humano que seja 100% verdadeiro ou mentiroso
Todos temos algo digamos "secreto"
guardado conosco!

Arthur Almeida disse...

Nobre thales,
desafio aceito.

Penso que a verdade e sua necessidade existem muito antes de as podermos definir.
Um exemplo notável está debaixo de nossos narizes. A recente crise econômica mundial é o resultado de uma “verdade” de gestão financeira, que se descobriu, apesar de todos os cálculos e projeções, uma ficção ou mentira, que desencadeou por todo o mundo uma avalanche.

usando a política como exemplo, vemos que desvalorizar a verdade a favor da sinceridade e da força das convicções é uma ilusão perigosa mas comum. Dada a dificuldade em averiguar cuidadosamente se o que os políticos afirmam é realmente verdade,os eleitores guiam-se unicamente pelo grau de convicção demonstrado.

Inevitavelmente, esta tendência produz políticos com o dom de acreditar precisamente no que lhes dá jeito acreditar, contra todas as provas e avisos da razão. O resultado são políticos que distorcem sinceramente a verdade porque é para eles mais importante ter uma convicção forte do que dar-se ao incômodo de ter uma convicção verdadeira. As maiores atrocidades são cometidas em nome de fortes convicções sinceras, excelentes em todos os aspectos mas que falham num pormenor: são falsas.
Ser um mau líder é ter a capacidade para fazer as pessoas seguir acriticamente as suas convicções cegas, só porque são convicções muito fortes — e que dão muito jeito, a curto prazo e para alguns. Mas não atender à justiça é uma das muitas formas de não atender à verdade. Se é verdade que um dado curso de acção é injusto, nenhum grau de forte convicção pode mudar a sua injustiça: podemos reivindicar jurisprudência sobre a força das nossas convicções, mas só a realidade decreta a sua verdade ou falsidade.

Sócrates é meu amigo, mas sou mais amigo da verdade.
(Aristóteles)