segunda-feira, 11 de maio de 2009

A falência do governo.

Ontem me chamou a atenção uma carta escrita por uma senhora cujo nome é Joana D'Arc. Professora, seu nome remonta a história de uma de uma santa católica, revolucionária francesa, que teria tido uma visão de maria em sua época. Lutou aquela contra as intempéries de seu governo e venceu, sendo vencida pouco depois, queimada na fogueira das vaidades daqueles que deveriam defendê-la (na época ainda não havia a democracia, portanto esse direito poderia ter-lhe sido negado sob a acusação mentirosa de ser uma bruxa).

Joana, a professora, escreve com a maturidade que falta à seus colegas de profissão, como se dela emanassem todos os desejos do povo, ultimamente tão massacrado pelos políticos que estão gerindo nosso dinheiro. Para ela, como para nós, falta tudo: Ambulância para socorrer, assistência social para tranquilizar, educação para dar a esperança e até polícia para punir quem puxou o gatilho. E falta mesmo. A saúde está em greve. Profissionais labutam a esperança de terceiros sem a dignidade do salário no final do mês e as condições de trabalho como seria justo e direito. A assistência social também entrou na marola do reajuste: Greve! A educação a muito tempo que anda em greve: Professores mal remunerados e mal preparados não sabem ensinar boas maneiras aos alunos, que sofrem a esquisofrenia dos tempos modernos e cometem absurdos, como ceifar a vida de seus colegas por bobagens e outras leviandades. E a polícia... está no rol dos cortes de gastos da administração. Como diz a carta, "Quem poderá nos ajudar?"

Poderíamos esperar pelos legisladores, mas estes falam que o governo não lhes trata de maneira legal. Poderíamos esperar pelo governo, mas este fala que não dispõe de verba. Poderíamos esperar pelas autoridades, mas estas não podem se locomover porque não têm dinheiro para nos proteger. Poderíamos esperar ainda que o povo fizesse sua parte e pedisse o impeachment dos nossos governantes, pelo jeito com que nos tratam. Mas nada disso vale a pena. O povo, covarde, não vai à rua brigar pelo que é seu de direito. Quando muito vai porque alguém oferece dinheirop para que não façam nada contra um ou outro governante. Por impulso político. Muitas vezes, quem deveria dar o exemplo o faz de maneira incorreta, como é o caso de um ex-prefeito. Quando um gestor se põe contra as leis, ele tira o exemplo. Como poderá cobrar quando ele for o timoneiro?

A preocupação que Joana tem com as instituições é tamanha que ela chega a imaginar que poderia chamar o Chapolin Colorado para que lhe ajudasse, porém até ele parece ter pedido férias... O que fazer com tamanho descaso?

Lembro-me agora um caso interessante, atraente até, de um senhor que se diz representante do povo. Para ele, a opinião pública não tem valor nenhum porque eles "sempre se reelegem". Onde está o erro deste cidadão? O que é mesmo a opinião pública? A opinião pública não são os jornais quando muito ela é representada por eles, talvez os únicos a defenderem os "famintos e sedentos da Justiça". A opinião pública são as pessoas que lêem os jornais. Ela é quem dirige, na verdade, uma redação de jornal. É ela que pede as mudanças, que faz as coisas acontecerem. Não o contrário. Não existe diretor de redação sem leitor entusiasmado para defender, para ler o que escreve. Aliás, o que seria mesmo do político sem que houvesse um contribuinte para pagar suas contas? Um cidadão para defender? Ou para lhe furtar o salário "perdido" nos impostos? O que é verdadeiramente um líder? Acho que aquele senhor não sabe disso. Talvez seja um pobre coitado, acamado, moribundo, louco com a doença que acomete uma boa parte (a maior) dos políticos brasileiros, que acreditam ser deles (e não do povo) os seus mandatos. Que acreditam ser deles o dinheiro que recebem no final do mês (e não do povo). Um homem público, aliás, não tem dinheiro. O povo paga os impostos. O povo deveria receber isso em benesses, pelo menos. Se não recebe, cassa-lhe o mandato e o dinheiro deste ou daquele político, incompetente que foi.

Agora não é salutar acreditar que o cidadão não tenha direito apenas porque um político mais desonesto resolveu esganar os serviços da população em prol de seu padrão de vida. Porque o que não pode é o povo pagar muito e não receber nada em troca. Que estado é esse? Está lá, na constituição, que o Estado deve proteger seus cidadãos. Se ele não os protege, que Estado será?

Fico pensando aqui que o povo é mesmo o culpado pelo descaso. Porque tem coragem de colocar lá em cima os homens errados, que não lhe trarão nenhum benefício... Porque os homens públicos são eleitos para isso: trazer benesses ao povo. Se não traz, está ali apenas tirando o sustento. Se o legislador não legisla, está ali tirando o leite de uma criança com fome em uma escola no interior do país. Se não legisla, está lá fechando uma escola porque os professores não recebem salários. Se não legisla, cerra postos de trabalho para o povo. O governante que não governa também tem o mesmo peso sobre as costas. Fecha escolas. Deixa de melhorar estradas. Cerra postos de trabalho... É o trabalho do povo que depende do trabalho dos políticos. É o seu dinheiro que está em jogo quando você compra uma menta. Quando você paga um sanduíche. Quando você compra uma roupa. Quando você vive e quando morre.

Mas sempre há soluções e elas não dependem da espera por Deus. Dependem apenas de bom senso. De eleger pessoas mais capazes, que tenham discernimento, que produzam e não fiquem encostadas no canto apenas confabulando em como roubar melhor. Sim, o ócio é a morada do demônio! E ele sempre apronta as suas... Precisamos de gente séria e honesta. Não do caboclo do interior, que pode ser levado aos péssimos hábitos do viciado, mas do doutor que tem, na honestidade, sua melhor marca. Quem tem na ética seu melhor princípio. Que faz antes de confabular com outros o sucesso de um "desvio". Não apenas mais uma pessoa arrumadinha. Bandidos se vestem bem e não tem boas intenções.


Agora penso na dor da Joana, a professora. Quem a protegerá? Que leis serão usadas para lhe recuperar o filho, surrupiado pelo pai, inconsequente, viciado nos prazeres dos legisladores e governantes, talvez, quando acredita que elas são apenas pedaço de papel escrito por outros tolos. O exemplo que vem de cima não vem mais... Será mesmo que só Deus vai nos proteger...

Mas eis que lembro de uma frase de Cristo nas bem-aventuranças: "Bem aventurado os famintos e sedentos da justiça porque serão saciados". A justiça acaba acontecendo. Por bem ou por mal.

Reso que seja por bem...

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