sexta-feira, 17 de julho de 2009

Afeganistão, 130 anos depois

Cesar Maia
Do Ex-Blog


1879. Os russos havia muito vinham flertando com o Emir do Afeganistão. De pleno acordo com o Emir, despacharam uma missão para sua capital, Kabul. Lord Lytton, vice-rei (império britânico) da Índia enciumou-se desse sucesso. Contrariando recomendação de Disraeli,(primeiro-ministro), enviou uma missão inglesa a Kabul. o Emir deteve os enviados na fronteira. Depois a missão inglesa foi recebida em Kabul. Foi quando, subitamente, Disraeli recebeu uma terrível noticia: toda a missão inglesa em Kabul fora assassinada."

O Afeganistão tem 35 milhões de habitantes. É um dos povos mais pobres do planeta. Apenas 15% do solo é cultivável e produz 95% do ópio do planeta. A esperança de vida é de 43 anos. A renda por habitante é de 150 dólares. O analfabetismo é de quase 50%. A mortalidade infantil é dramática. Em 30 anos o país saiu de uma monarquia feudal a uma ditadura comunista com a invasão da URSS, uma guerra que durou 10 anos e provocou 1 milhão de mortos e refugiados. Em seguida veio uma guerra civil sangrenta que desembocou numa ditadura teocrática dos Talibans,(passando a ser abrigo da Al Qaeda). Em 2002, pós derrubada das Torres, foram desalojados do poder pelos EUA, que colocou Karzai (agora querem tirá-lo das eleições de agosto), na frente de um governo débil, impopular e corrupto.

A 35 quilômetros ao sul de Kabul, os talibans impõem a sua lei. A 45 quilômetros bombardeiam diariamente a base americana mais poderosa. Algo similar ocorre no sul, nas zonas fronteiriças, verdadeiro território comanche. Só durante a primeira semana de junho, as forças da coalizão com o EUA e outros 41 países sofreram 400 ataques. Oito anos depois das torres, no Afeganistão morre um soldado ocidental a cada dia; quatro policiais afegãos; e pelo menos oito civis, seja pelos bombardeios americanos ou pela insurgência, (nome dado pelo EUA). O Taliban,(soldados e ópio), paga 200 de salário enquanto um policial afegão ganha 70.

Não há um comando centralizado nem um líder. Tampouco um projeto comum. Algumas facções lutam por expulsar a coalizão ocidental de seu solo. Outras querem proclamar a lei islâmica; há facções que pretendem manter seu controle feudal; e a maioria pensa nos seus negócios: o ópio, o contrabando, a corrupção. Não existe um projeto, mas estão conseguindo um objetivo comum, neste conflito sem nome: que permaneça esse pântano. No EUA já se fala no "Vietnam do Obama".

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