quinta-feira, 12 de março de 2009

Educação não se compra

OU a maneira que as faculdades estão deseducando nossas crianças


Por Thales Bruno

Estes últimos dias tenho me encontrado estupefato (mais uma vez) com a qualidade do que as pessoas escrevem, seja em jornais, revistas, Internet, enfim, em todos os meios possíveis. Em algumas passagens, o que pareceria brincadeira de criança, agora beira a irresponsabilidade.

Quando eu tinha meus 7 anos tive algumas aulas de ditado. Sentado na carteira, tinha que adivinhar o que a professora ditava, seja na pontuação, na grafia. Na maioria das vezes eu acertava. As vezes em que errava eram palavras que eu não conseguia fazer a associação entre as letras que a professora falava, ou ainda as palavras que eu ainda desconhecia a grafia. Isso lá pela 2ª série. Hoje, quão não é a minha surpresa ao ver que as pessoas ainda conseguem escrever 'ver' para mim essa coisa, referindo-se ao uso, óbvio, de 'vê'. Mas esse é o erro menor.

Esta semana o país foi sacudido por uma notícia assustadora. Uma senhorita resolveu entrar, vejam só, no Hospital das Clínicas da USP, na parte privada, segundo afirmam pela imprensa, para realizar uma "Intervenção Cirúrgica" no lado direito do seu cérebro. E, para surpresa geral, o lado operado foi o... ESQUERDO.

Sacanagem. A operação era bastante corriqueira para médicos desta área do conhecimento humano. Acontece aqui que, lado direito é um e lado esquerdo é outro. Como perdoar este erro? Como justificar para a família que a paciente morreu em face de um "erro de cálculo"?

Vamos por partes. Em primeiro lugar, o médico não errou o lado. Só notou que a paciente foi operada de um coágulo que deveria ter sido operado também. Mas como ninguém sabia disso antes? Porque o médico fez a descoberta post-mortem. Ou seja, foi necessário que a paciente tivesse o óbito decretado para que descobrissem essa falha. Mas ai os médicos também erraram, caso isso se comprove, pois isso deveria ter sido verificado antes. Ou será que deverão ser verificados mais óbitos para que falhas como essa possam ser eliminadas dos boletins médicos?

Aqui temos que dar atenção ao outro lado da história, ou seja, os médicos do HC. Eu bem gostaria de poder ouvir a equipe médica, uma vez que não há depoimentos suficientes para publicar um "direito de resposta" dos mesmos. Mas o que tenho aqui são fatos e não maiores informações. Vou esperar para ver no que dá.

Agora a questão da justiça. O marido daquela vítima de erro médico terá que esperar bastante tempo, o que talvez concorra para preescrever o crime, se houve ali um. Caso o erro seja comprovado, os médicos podem ter os registros cassados e pegar 4 anos de prisão por homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.

Ora, que tolice é essa? Ao meu ver, isso é NEGLIGÊNCIA, uma vez que o médico não atentou para o lado correto, ainda que depois aparecesse a necessidade de se operar o outro lado do paciente. Será que — volto a chamar a atenção para as aulas de ditado lá da 2 série — os médicos confundiram esquerda e direita? E, se sim, porque assim o fizeram?? E porque não corrigiram em tempo hábil???

Eu fico na esperança de que este caso se desenrole de maneira lógica e sem exageros por ambas as partes. Mas que o crime não fique sem punição, para que se limpe a já maculada imagem deste país, como anunciou ontem, no SBT, o senador Pedro Simon (escreverei um tópico específico para ele depois).

Agora deixo a opinião para vocês, leitores do blog, sobre de quem acham que é a culpa.

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