quarta-feira, 18 de março de 2009

Uns com muito enquanto outros têm pouco

Chamou-me a atenção, hoje, de uma matéria exibida no JG sobre educação. Foram mostradas escolas no interior do Pará onde os alunos não recebem merenda algumas vezes. Soube agora que, enquanto isso ocorre para alguns, que estudam ainda em livros defasados (e a governadora gasta milhões em agendas escolares), outras escolas tem merenda para dar e vender. O exagero é tanto que se dão ao luxo de jogar merenda fora.

A fonte que me passou a notícia pediu para que eu não divulgasse. Porém, não compactuo com essa indiferença. Não posso ficar ao lado do exagero, enquanto pessoas deixam de frequentar a escola apenas porque sentem fome. Meu pai já dizia: "Saco vasio não para em pé". Como acreditar em um mundo melhor enquanto ainda há quem possa ser manipulado por outras pessoas assumidamente de má-fé?

Enquanto defendo a "igualdade" ao acesso do conhecimento, ou seja, as pessoas devem ter as mesmas chances de saber, sou absolutamente contra as ditaduras, que lutam exatamente pelo contrário, ou seja, apenas podem ter acesso ao conhecimento, na visão delas, elas mesmas.

Platão acreditava em um fim prático, moral, à sua filosofia. Este fim realiza-se, no entanto, intelectualmente, através da especulação, do conhecimento da ciência. Se eu acredito em uma coisa, devo experimentar aquilo com a finalidade de saber até que ponto eu estou certo. Ninguém tem o direito de me impor um provável erro que eu esteja cometendo. Se tenho a liberdade de pensar, logo posso ter o mundo, a menos que eu me permita estar errado depois de minhas observações.

Então, não posso crer que alguém possa ter o monopólio do ensino apenas por determinar que os alunos vão à escola ou não. Se eles têm acesso aos livros do conhecimento ou não. Tenho que entregar à eles os livros que eles necessitarem, com a verdade que todos possam ver. Não tenho o direito de negar-lhes a sapiência, a verdade. Não posso fazer isso sob pena de negar a vida, a luz. A luz da verdade. A centelha divina.

Nego aqueles que tem por medida disciplinar a negação da verdade. Porque não aceito a mentira como discurso. Mentiras são a negação da verdade, da luz. Não posso associar a verdade à Lúcifer, anjo de luz, apenas por isso. Embora haja a ligação, Lucifer é o mestre da mentira. A verdade é o fato, enquanto que a mentira é a enganação, deslisura, torpor.

Na negação do direito à alimentação, negam-lhe também a verdade, o conhecimento, negam-lhe Deus, por fim.

Alguém precisa mudar essa forma de tratar a educação.

Um comentário:

Airton disse...

Bruno,
eu agradeço grandemente a sua visita e o seu comentário.