segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fisiologismo?

A semana terminou com uma notícia que não causa temor (ou tremor) a ninguém. Porém, é conveniente usar o bom senso para saber que agora temos gente desonesta na Câmara dos Deputados. Pelo menos é o que julga a atitude do novo presidente da Comissão de Ética, José Carlos Araújo, do PR. Com a assumição de culpa do deputado Roberto Jéfferson, ex-presidente do PTB, ele não tem porque defender os mensaleiros (votou contra a cassação). Como se não bastasse o seu voto contrário à isso, defende penas mais brandas para quem roubou dinheiro da nação.

O que podemos pensar deste deputado? Que ele também é um mensaleiro? Ou que ele também arrumou uma "boquinha" para mamar nos rios de dinheiro que foram desviados? Não se pod julgar suspeição ao deputado, porém é curioso que ele seja membro da Frente Parlamentar contra a Corrupção. Curioso também que o deputado tenha petencido ao PFL durante 15 anos e, agora, fora das esferas do Poder, tenha assumido (desde 2005) uma cadeira no PR (antes, PL). Fato que só confirma o seu fisiologismo.

Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que as ações e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses individuais. Os partidos políticos podem ser considerados fisiologistas quando apoiam qualquer governo, independente da coerência entre as ideologias ou planos programáticos. Isso pode, em tese, levar à corrupção, mas o deputado é corrupto? Pode não ser, mas a linha que o separa da sensatez é tênue e ele pode atravessar essa fronteira a qualquer momento.

Quando afirmo que o deputado sobrevoa o limite frágil que o separa de escorregar para o lado corrupto, não esqueço que é homem e pode estar fadado a estas desatenções. Também levo em consideração o fato de ele estar defendendo pessoas que assumidamente receberam dinheiro público em proveito próprio, no caso, o deputado Roberto Jéfferson. Ora, todos sabemos que RJ levou R$ 4 milhões para a sua casa, sem depois comprovar isso aos membros da CPI.

A atitude da defesa dos mensaleiros não é faca que fere o princípio constitucional da ampla defesa, porém, causa estranhesa o modus operandi de sua ação, defendendo penas menores. Não seria mais aceitável defender penas ainda maiores? Sim, porque quando se está com a chave do cofre do dinheiro do povo, se pode simplesmente roubar, matar, tirar proveito próprio, fazer milhares de coisas e deixar quem mais deveria ser protegido à mingua. Ou apenas embolsar o dinheiro, como é o caso de muitos, e não fazer nada.

Afinal, o dito popular afirma que quem não deve não teme. Se não teme, porque eles teriam penas menores?

Não faça isso, deputado!

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