terça-feira, 7 de abril de 2009

Crise econômica deve piorar nos próximos meses.

Em meados do governo Fernando Henrique, Luís Inácio Lula da Silva vociferava que a culpa da crise era do neoliberalismo. Naquela época, defendia com unhas e dentes o socialismo, que haveria de corrigir todas as mazelas deixadas pelo capitalismo. Aliás, tudo o que a esquerda brasileira soube produzir: Falar mal do capitalismo

Tempos depois, o mesmo Lula afirmou em entrevista especial, ainda quando o mundo dava saltos de crescimento, que não queria ter assumido o país com a crise brava que estava se desenhando. Recebeu o país com uma crise interna forte, de fuga de capitais, pois o mercado acreditava que o presidente iria decretar moratória e deixaria de pagar a todos. O remédio, segundo o próprio presidente, no Fantástico, era um "choque de capitalismo". O mercado entendeu que era um golpe na própria crendice do presidente. E achou que a porraloquice de Lula era só da boca para fora.

FUNCIONOU. O país em pouco tempo voltava a dar crédito barato e a quase todo mundo. Foi o "boom" do crescimento econômico. Carros eram vendidos em até 72x sem entrada (ou com apenas R$ 1), as pessoas compravam muito, os empregos pipocavam. As Bolsas distribuídas pelo governo levariam a classe E à classe C e isso fez com que milhares de brasileiros se tornassem milionários de uma hora para a outra. e isso, claro, catapultou a imagem do presidente.

Em meados de 2008, o mundo experimentou uma outra crise, que não foi gerada por nenhum presidente do mundo inteiro e sim por erros do mercado, no mesmo boom de crédito que o Brasil experimentou naqueles anos. Resultado: A maior crise de todos os tempos estourava ali, nos braços do presidente americano, ajudando a eleger Barack Obama e a criar a expectativa em todos os povos de que o primeiro presidente negro da história resolveria o problema.

Não houve sucesso novamente. Obama já injetou no mercado US$ 1.000.000.000.000 para tentar recuperar o crédito, salvando empresas tradicionais como o Bear Sterns, AIG, New York Times e até a GM. A ressalva seria de que o dinheiro não fosse usado para premiar os fracassos. ai há um pequeno problema: Os prêmios estavam previstos em contrato. Não havia como não pagá-los porque eles acabariam sendo cobrados judicialmente.

Há algum tempo atrás, ela atingiu o presidente Lula e o que era uma simples marolinha, agora é um problemão — e cada vez mais sério. Lula parece temer que o problema fique insustentável ainda em seu governo (prevejo que será no finalzinho e a bomba estoura no colo de seu sucessor).

No início do ano, o governo previa cortes da ordem de R$ 10 bilhões de reais no orçamento. Hoje, os cortes são de mais de R$ 24 bilhões - e esse corte vai aumentar. TODOS os concursos públicos devem ser cancelados no médio prazo, segundo estimativas, mesmo os de nível estadual. A prefeitura de Belém, cujo orçamento já anda meio capenga, periga sofrer alguma espécie de intervenção. Ou seja, quem estava pensando em fugir da crise por meio dos concursos públicos, fiquem com as basbas de molho.

A explicação é obvia. O dinheiro do governo Federal é maior do que nos governos estaduais e municipais. Se lá já há cortes grandes, imagine nos menores. O efeito é em cascata. A União, com arrecadação em queda, tem um limite menor de gastos para fazer. Logo precisa cortar. Com isso, sofrem os estados e muicípios, com a queda no repasse do FPE e FPM. Como o agravamento da receita Federal é de movimentação econômica, estados também sofrem com a redução no FPE e ficam com dinheiro a menos para gastar. Logo repassam menos aos municípios, com os repasses constitucionais do FPM. E os Municípios perdem com a redução dos repasses de FPM e ICMS, precisando ajustar suas administrações aos cortes.

Portanto, o presidente Lula precisa rever a sua vocação para o populismo. Ainda que os grandes líderes mundiais o achem fantástico, os louros de sua bem avaliada área de governo devem ser creditados ao presidente do Banco Central, Henrique Meireles, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-ministros da fazenda, Pedro Malan e Armínio Fraga. Sem eles no comando antecedendo Lula, teríamos hoje o retorno da hiperinflação. Para quem não se lembra, HIPERINFLAÇÃO foi o período da economia brasileira em que o brasileiro só comprava alguma coisa com carros e mais carros de dinheiro, pois as coisas aumentavam no mesmo dia.

Não se zanguem, meus leitores, com as observações que faço sobre a crise financeira. Não sou assim tão pessimista quanto pode parecer. Para o pessimista, esta missiva se parece muito com uma mostra de que o mundo vai acabar amanhã. Porém, todo otimista sabe que após um mar bravio, sempre vem a bonança, a calmaria.

Porém, vejam como são as coisas: A maioria das coisas que falo aqui se tratam de verdades que nem todos conseguem enxergar. É como o enigma da caverna: As pessoas estão sempre viradas de costas para a luz e o que vêem geralmente são sombras... Eu procuro a luz da verdade.


"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"
João, 8: 32

Um comentário:

Arthur Almeida disse...

Thales,
É verdade que tenho tido mais carinho com o picole de pupunha..e com a sua constante audiência, tenho me visto motivado a mantê-lo.
Dito isto, pode esperar que vou procurar atualizá-lo com intervalos cada vez menores..valeu a força e mantenha o Bruno filósofo tambem.. tô acompanhando!